domingo, 26 de setembro de 2010

O bêbado e o marionete

O bêbado e o marionete


São dois personagens recorrentes na literatura, principalmente na área do humor. Quantas paidas sobre bêbados e e histórias de mariontes não já ouvimos? Com certeza várias. Mas ao estrelato poucos desses dois personagens alcançaram. Lembro especialmente de dois: Quincas Berro D’água (romanceado por Jorge Amado), o bêbado e Pinóquio ( de Carlo Collodi, escritor italiano), o marionete.





Mas existe um personagem da vida real que consegue ser os dois ao mesmo tempo (bêbado e marionete): o professor. Ele que é agente de uma das mais antigas profissões. Foi participante ativo em muitos dos momentos de maior mudança da história mundial, às vezes como autor intelectual, outras como autor moral, hoje faz o papel do bêbado e do marionete de uma forma tão mais esplendorosa do que os personagens da literatura.
No papel de bêbado é motivo de piada (todas sem graça). Atrapalahdo, não fala coisa com coisa, ar de bonachõ (ou devo dizer bobalhão) corre atrás do bloco de sujo, fica pedindo trocadinho para a pinga “derradeira”, e chega algumas vezes atrasado ao trabalho no dia seguinte (ressaca), não acompanha discussão em prol do grupo (pois de grupo ele só sabe o de pagode, samba, rock, axé) e é sempre a favor de uma paralisação de suas atividades profissionais, assim vai ter tempo de fazer outras coisas que não fez antes. Ah! A luta, fica para o dia seguinte…se ele lembrar qual foi o motivo da paralisação.
No papel de marionete é insuperável. Diferente de Pinóquio que queria ser humano, o professor humano que ser marionete. É tão mais fácil ser manipulado. Pensar para quê? Ensinar sim gestos e palavras convencionadas, conceitos técnicos, números, fórmulas. Ensinar a pensar não dá. Ele mesmo não pensa com a própria cabeça. Foge dos grandes embates, reclama de longe para não ser visto ou ouvido, engrossa a fila dos grevistas por melhores salários até a polícia chegar e acabar com a baderna, porque professor não faz movimento organizado, como as outras categorias, e sim baderna. Briga por um aumento expressivo, mas aceita um tapinha nas costas e uma promessa de que as coisas vão melhorar. Tem direito a um piso nacional, mas que ninguém cumpre e, quando cumprem, querem que ele trabalhe 40 horas semanais. É o marionete que aceita tudo, reclama protesto tímido e vai aplaudir o Diretor ou o Coordenador ou ainda o Secretário de Educação que propõe medidas sérias para moralizar a educação.
No final é a classe que não se dá ao respeito. É o serviço social que só incomoda porque os filhos da sociedade não têm para onde ir, quando há greve. Nesse momento os pais chiam e, é só por isso, não por solidariedade à classe ou à sua luta. Afinal quem respeita bêbado ou boneco que fala? É!, ninguém! No máximo fazem troça, piada ou ficam indiferentes. É assim que os professores são tratados como motivo de troça, piada ou com indiferença. “Ah! É só o professor fazendo zoada…”

Jadson (o bêbado)